domingo, 2 de novembro de 2008

Visões Brasileiras

Sabem porque não gosto de bossa nova?! Porque não consigo tocar aqueles acordes dissonantes... - Raul Seixas

Tenho que explicar que movimento é algo como a Tropicália, que foi pensada, planejada e tinha até manifesto. A BN nasce espontaneamente. Eu e Tom Jobim achávamos que seríamos arquitetos, João Gilberto não pensava em ser músico. Tudo aconteceu de surpresa, em virtude da economia que vinha tomando impulso no Brasil nos anos 50 e 60. O filme reflete a economia da época, que era sólida, a política era tranqüila - duas vezes o exército impediu o golpe militar da Aeronáutica - e veio junto uma cultura espetacular que ainda tinha o Cinema Novo, o Teatro de Arena e o Teatro de Vanguarda. (..)A Bossa Nova é cultura da classe média brasileira, não é uma música de geração, se fosse já teria acabado. Tanto que a BN tem dificuldade de se comunicar com o povão e eu acho isso um equívoco. - Carlos Lyra

Polêmica

A palavra 'bossa' era um termo da gíria carioca que, no fim dos anos cinqüenta , significava 'jeito', 'maneira', 'modo'. Quando alguém fazia algo de modo diferente, original, de maneira fácil e simples, dizia-se que esse alguém tinha 'bossa'. Se o Ricardo desenhava bem, dizia-se que tinha 'bossa de arquiteto'. Se o Paulo escrevia, redigia bem, tinha 'bossa de jornalista'. E a expressão 'Bossa Nova' surgiu em oposição a tudo o que um grupo de jovens achava superado, velho, arcaico, antigo. Sim, mas o quê era julgado superado e velho, na música popular brasileira? 'Tudo', dizia a mocidade bronzeada de Copacabana. Outra polêmica e o fato das duplas não concordarem muitas vezes com as letras nas composições e pelo fato da constante mudança política que levava a uma apreciação majoritária das musicas apenas por parte dos mais ricos.

Discografia de de Tom Jobim e Vinicius de Moraes


Sinfonia do Rio de Janeiro - 1954
Tom Jobim e Billy Blanco - 1960
Brasília e Sinfonia da Alvorada – 1961
Antônio Carlos Jobim - 1963
Caymmi visita Tom - 1964
Antônio Carlos Jobim com Nelson Riddle e sua Orquestra - 1964


Orfeu da conceição - 1956
Vinicius e odete lara - 1963
Vinicius e caymmi no zum zum - 1965
Os afro-sambas - 1966
Vinicius: poesia e canção - 1966
Garota de ipanema – 1967

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Contexto Histórico

Eu nasci durante os Anos JK. Juscelino Kubitschek, na presidência do Brasil, acreditando na Teoria Econômica Desenvolvimentista, queria o crescimento do Brasil através da industrialização a qualquer preço. Então criou o Plano de Metas, cujo lema era "Crescer cinqüenta anos em cinco". Assim modernizou o segundo setor da economia do meu país, substituiu o transporte ferroviário pelo rodoviário, trouxe novidades para a classe alta e a média entrarem no mundo do consumismo, aumentou o PIB per capita, o ritmo de crescimento, construiu Brasília. Entretanto, esses avanços custaram caros e não beneficiou todos (ou, pelo menos, a maioria pobre), já que reformas agrárias não foram feitas, ocorreu a marginalização dos candangos (nordestinos que ajudaram a construir Brasília), a inflação e a dívida externa aumentaram consideravelmente, o salário mínimo ao final do governo estava menor que no início, a concentração de renda continuava em alta, a produção industrial era voltada para a pequena parcela da população financeiramente privilegiada.

Já no campo da música, os contemporâneos de meu criador ouviam o rock-n'-roll vindo dos Estados Unidos, que fazia a cabeça deles e se inspiravam em tipos como Marlon Brando e James Dean. Mas também, havia aqueles que escutavam a música nacional, entre ela estavam os ritmos "abolerados", sambas-canção e as ditas "dor-de-cotovelo", destacando os cantores da época Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Carlos Galhardo. Entediados com esses estilos, amigos de meu criador, que eram jovens da classe média, inovaram criando um novo movimento musical diferente de tudo: harmonias diferentes, poesias mais simples e enxutas, temas tirados do cotidiano (“ela é carioca”, “basta o jeitinho dela andar”; “barquinho no azul do mar”; “a menina que vem e que passa”), nova batida do violão, mais intimista lembrando o samba. Foi assim que eu nasci.

Deste modo, eu vim ao mundo nesse período nacional-desenvolvimentista, em que disputavam as ideologias nacionalistas e entreguistas internamente e o capitalismo versus o comunismo. Então, eu fui fortemente associada ao presidente JK, um típico político mineiro reconhecido pelo "jogo de cintura" que tentava conciliar vários grupos e/ou categorias.

domingo, 28 de setembro de 2008